Assim, a Humanidade vai conhecendo os
segredos da Montanha; vai compreendendo que os guerreiros são os mesmos
visitantes chegados aqui antes da longa noite dos tempos. Fica sabendo que
agora não estão isolados nos cumes das cordilheiras ou irreconhecíveis nas
planícies ermas onde a natureza é pura, mas espargem-se por todos os rincões.
As luzes deslizam. Parecem nada fazer,
mas à sua passagem o medo vai desaparecendo dos seres. O que tocam se
transfigura. A tendência à discórdia, natural na obscuridade, cede lugar á
integração fraterna, como se a sabedoria começasse a permear a pequena mente
dos homens.
Sucedem-se os ciclos e difundem-se
notícias sobre a revoada dos guerreiros-luzes, até que chega o momento em que
de modo geral não são mais estranhos. E mesmo as crianças, como se nascessem
sabendo que esses irmãos existem e têm uma missão, passam a inquirir sobre os
mistérios que eles trazem consigo.
O olhar dos guerreiros penetra o
interior de cada ser. Dele emana amor inesgotável, jamais conhecido na
civilização terrestre. Não usam palavras, e de modo sobrenatural assinalam os
que devem segui-los. Seus contatos com os homens transcorrem com grande
harmonia. Sua pureza desfaz os antigos rumores de que trariam animosidade e
pânico.
O pio da ave noturna ressoa cada vez
mais próximo. Os Guerreiros da Luz
aceleram o labor. Já são tantos que não é mais possível contá-los. Um sinal
corta o espaço e penetra a órbita da Terra. Firmes, os Guerreiros da Luz ascendem pela trilha da Montanha, cujo pico
parece tocar um céu rarefeito. O alvorecer está próximo. As luzes intensificam
sua irradiação, antecipando o fim da noite. Jamais conheceram cansaço, jamais
recuaram, mas agora seus raios ganham vivacidade extraordinária. Mergulham nas
camadas da Terra, transpassam o horizonte e continuam a desvelar segredos. Nos
seus reflexos fulgura a sabedoria prometida aos homens, e muitos começam a
descobrir que os Guerreiros da Luz conhecem não só o seu destino, mas também o
dos mundos.
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Texto de
autoria de Trigueirinho.