“Ainda
tenho outras ovelhas que não são deste aprisco;
também
me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz,
e haverá um rebanho e um pastor.”
(João,
10/16)
Transreligiosidade pode ser definida
como o sentimento religioso que acolhe as verdades essenciais de todas as
Religiões, mas que não se refere a nenhuma, especificamente, estabelecendo o
diálogo inter-religioso, em busca do elemento comum existente em todas as
Tradições.
O termo latino religare, do qual se
originou a palavra religião, tem o sentido de ligar novamente, e o prefixo trans,
quer dizer além de, ou seja, aquilo que transcende e ultrapassa
os conceitos convencionais de qualquer conhecimento. Assim, a
transreligiosidade propõe a transcendência dos dogmas de cada visão religiosa,
para alcançar o espaço neutro de não julgamento, preconceito ou separatividade,
onde se torne possível buscar os pontos de encontro e as semelhanças entre as
diferentes religiões.
Na Antiguidade, havia cinco grandes
ramos religiosos: Judaísmo, Taoísmo, Budismo, Confucionismo e Cristianismo. Nos
seus primórdios, o Cristianismo era uma religião professada por uma pequena
parte do povo judeu, dominado pelos romanos, que seguia os ensinamentos do
Mestre Jesus. Por serem perseguidos, eles se reuniam às escondidas, até que
cidadãos romanos também começaram a aderir à nova crença, decorrendo desta
adesão, o sincretismo entre o paganismo romano e o cristianismo primitivo,
originando a Religião Católica Apostólica Romana, hoje dividida em alguns
segmentos.
Por volta do século XVII, Martinho
Lutero, na Alemanha e Calvino, na França, iniciaram um movimento de protesto em
relação aos rumos da Igreja que, por influência de fatores históricos e
políticos, resultaram numa dissidência do Catolicismo, que deu origem ao
Protestantismo. Este, por sua vez, no decorrer do tempo, subdividiu-se em dezenas
de novos segmentos espalhados pelo mundo ocidental, como Tradições Evangélicas.
No século XIX, na França, um
filósofo chamado Leon Hypollite Denizard Rivail, realizou profundos estudos sobre
fenômenos de ampliação de consciência, dando origem à Doutrina Espírita, por ele publicada com o pseudônimo de Allan Kardec, sob a égide do iluminismo e do racionalismo científicos, esta Doutrina, longe de negar os princípios propostos por Jesus, veio trazer novos
esclarecimentos aos fenômenos espirituais, que sempre ocorreram no decorrer da
trajetória evolutiva da humanidade, confirmando as suas verdades perenes,
através da publicação de centenas de livros de vários autores.
Na década de trinta, em Niterói, no
Rio de Janeiro, houve uma dissidência do Kardecismo, que originou o Movimento
Umbandista, com a proposta de evangelizar as religiões africanas, que haviam-se
afastado de suas práticas tradicionais de culto às forças da natureza, para
envolverem-se com magia, em desrespeito ao Livre Arbítrio do Ser Humano.
Considerando que no Ocidente, há um
predomínio do Cristianismo sobre as outras quatro grandes religiões
(Judaísmo, Budismo, Confucionismo e Taoísmo, se não considerarmos a variedade
de outras pequenas seitas, mais recentemente introduzidas no país),
nós podemos afirmar que a maior parte das religiões professadas no Brasil, se
reúne em torno da mensagem de unidade e síntese deixada pelo Mestre Jesus, há
dois mil anos atrás.
Pelo
estudo comparado das religiões percebe-se que os pioneiros de todas estas
propostas religiosas, não tinham o objetivo de criar novas religiões, mas,
principalmente trazer esclarecimentos ao que já era conhecido e corrigir
possíveis desvios da trajetória evolutiva da humanidade, em cada um desses
momentos históricos.
Os modernos estudos da Psicologia
Transpessoal têm revelado um significativo aumento na quantidade de fenômenos
de clarividência, clariaudiência e psicografia, entre outros, em pessoas de
diferentes confissões religiosas, todos com padrões psíquicos muito semelhantes
entre si. Neste sentido, a ciência, ao direcionar a sua atenção para os
fenômenos de transcendência religiosa, poderá trazer uma grande contribuição
para o entendimento de que um mesmo fenômeno pode estar sendo designado de diferentes
maneiras, por diferentes religiões. Por sua característica de neutralidade, a
ciência pode oferecer o espaço de encontro, onde as divergências lingüísticas
poderão ser compreendidas e ultrapassadas, reduzindo a grande Babel que
dificulta o diálogo inter-religioso.
Para que todas as ovelhas, dos diversos
apriscos, se reúnam ao redor do Único Pastor, torna-se necessário que todos os
fiéis, de todas as religiões, se coloquem realmente em condição de humildade e
ausência de preconceitos religiosos; que ao invés de tentar atrair o outro para
a sua própria visão religiosa, possa respeitar e conviver com as diferenças;
aceitar que o outro se encontre num diferente estado de consciência,
compreendendo que isto determina uma visão de mundo diferente da sua. Para que
a unidade religiosa possa se estabelecer, torna-se necessário também o
entendimento de que esta unificação não se fará em torno de qualquer uma das
religiões já existentes, mas em torno da síntese gerada pelo diálogo e pela
compreensão mútua de que ninguém é detentor da verdade absoluta, mas que, como
seres humanos, temos verdades relativas ao estado de consciência em que
vibramos, como diferentes idiomas produzidos pela cultura humana.
Os líderes religiosos deste momento
de Transição Planetária têm a difícil tarefa e a grande responsabilidade de
iniciar o diálogo inter-religioso, orientando os seus seguidores para a
verdadeira fraternidade e amor incondicional, necessários para que esta síntese
aconteça, já que o oposto seria o retorno ao sectarismo que gerou tantas
guerras religiosas através da história da humanidade.
(*) Especialista em
Psicologia Clínica (Hipnose Ericksoniana, Regressão de Memória e Reprogramação
Mental Membro do CIT – Colégio Internacional de Terapeutas e da ALUBRAT –
Associação Luso Brasileira de Psicologia Transpessoal.
Whtasapp 55 22 99955-7166Email: suelimeirelles@gmail.com
Site: www.institutoviraser.com
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