Dentro de uma visão
holística da vida e dos seres vivos em geral, podemos considerar um continuum
interligando o ser mais elementar da natureza, até a maior expressão de
perfeição: Deus. Neste continuum, o Ser caminha da ignorância para a
consciência de pertencer a um todo que evolui constantemente em direção à
perfeição absoluta. De um grau a outro, a transição é insensível e nos limites
extremos, os matizes se apagam, como nos reinos da natureza, como nas cores do
arco-íris, ou ainda, como nos diferentes períodos da vida humana.
Neste enfoque, utilizaremos o termo
SERES, referindo-nos à possibilidade de vida em outras dimensões, em outros
planetas, como nos têm demonstrado possível os proeminentes cientistas
interessados nos estudos da Física Quântica. Para aqueles que se dedicam a
pesquisar mais a fundo este tema, ressaltamos um importante aspecto a ser
levado em consideração: Entre todos os seres, nesta, assim como em outras
dimensões de vida, existem seres ignorantes e aqueles que realmente podem ser
considerados sábios, o que implica em que tenhamos cautela contra a tendência a
acreditarmos que todos que se encontram em outras dimensões, tenham sempre
maiores conhecimentos do que nós. Na prática, quando lidamos com os fenômenos
de emergência espiritual, observamos que os Seres que nos são evolutivamente
inferiores, não têm poder sobre nós e aqueles que se encontram evolutivamente
acima, em nenhuma hipótese, desejam fazer-nos qualquer tipo de mal. Isto se
afigura como uma importante condição de segurança, no contato com estes
fenômenos desde que estejamos atentos à necessária identificação da faixa
evolutiva de cada Ser que se apresente diante de nós. Os Seres em processo
permanente de aperfeiçoamento admitem três categorias principais, ou três
grandes divisões:
14.1.
Seres
Imperfeitos: Caracterizam-se pela predominância da
matéria sobre o espírito e pela propensão ao mal.
14.2.
Bons
Seres: Caracterizam-se pela predominância do espírito sobre a
matéria e pelo desejo do bem.
14.3.
Seres
Puros: São aqueles que atingiram o grau supremo da perfeição,
aproximando-se de Deus, já tendo alcançado o nível de Maestria, ou seja:
Colocaram suas Personalidades, com todos os seus potenciais, a serviço da sua
Individualidade ou Essência Divina.
Com o
auxílio da classificação a seguir, torna-se fácil determinarmos a ordem, assim
como o grau de superioridade ou de inferioridade daqueles com quem
estabelecemos contato, nesta ou em outras dimensões de vida, através dos
possíveis estados de consciência que consigamos acessar e, por conseguinte, o
grau de confiabilidade que mereçam de nossa parte.
14.1.
SERES IMPERFEITOS: Apresentam a predominância da matéria
sobre o espírito e propensão ao mal. Demonstram ignorância, orgulho, egoísmo e
todas as paixões que lhes são conseqüentes. Têm a intuição de Deus, mas não o
compreendem. Nem todos são essencialmente voltados para o mal. Em alguns há
mais leviandade, irreflexão e malícia do que verdadeira maldade. Alguns não
fazem o bem nem o mal, porém, pelo simples fato de não fazerem o bem, já
denotam inferioridade. Outros, ao contrário, sentem prazer em praticar o mal e
ficam alegres com a oportunidade de fazê-lo, por desconhecerem completamente os
princípios que regem a vida e a evolução da humanidade.
A inteligência pode achar-se neles aliada à maldade ou à
malícia. Qualquer que seja o grau de desenvolvimento intelectual que tenham
alcançado, suas idéias são pouco elevados e mais ou menos inferiores os seus
sentimentos, uma vez que, para alcançar a sabedoria, o Ser em evolução deverá
equilibrar o seu desenvolvimento emocional com o seu desenvolvimento
intelectual.
Estes Seres têm conhecimentos restritos em relação aos
eventos do mundo sutil, tais como leis e
princípios evolutivos e o pouco que sabem confunde-se com as idéias e
preconceitos que ainda os ligam à matéria. Não nos podem fornecer mais do que
noções errôneas e incompletas, dentro do alcance da própria percepção e nível
evolutivo. Entretanto, nas suas palavras, mesmo imperfeitas, o observador
atendo encontrará a confirmação das grandes Verdades Divinas.
Todo Ser que em suas
palavras traz um mal pensamento pode ser classificado nesta terceira ordem.
Eles vêem a felicidade dos bons e isto lhes constitui incessante tormento,
porque os faz experimentar todas as angústias que a inveja e o ciúme podem
causar. Revivem a lembrança e a percepção dos sofrimentos passados e esta
impressão é muitas vezes mais penosa do que a realidade do momento evolutivo em
que realmente se encontram. Sofrem pelos males de que padeceram anteriormente e
pelos que ocasionaram aos outros e esses sentimentos não elaborados, os mantém
estagnados na Quarta Dimensão planetária, até que possam libertar-se destes
sentimentos negativos e alçar níveis mais evoluídos. Como sofrem por longo
tempo, julgam que sofrerão para sempre, como se estivessem padecendo as penas
eternas do inferno, pelo estado de consciência em que se encontram.
14.1.1. SERES IMPUROS:
Por sua ignorância, são inclinados ao mal e fazem disto o objeto de suas preocupações.
Dão conselhos pérfidos, sopram a discórdia e a desconfiança e mascaram-se de
todas as maneiras para melhor enganarem os outros. Ligam-se a Seres de caráter
bastante fraco e que se deixam influenciar pelas suas sugestões, com o objetivo
de induzi-los à perdição, satisfeitos, em sua ignorância, por conseguirem
retardar-lhes a evolução, fazendo-os sucumbir nas experiências da vida. Podem
ser reconhecidos pelo nível de sua linguagem, quer em termos de forma ou de
conteúdo.
A trivialidade e as grosserias das expressões, em todos os
Seres, é sempre indício de inferioridade moral ou intelectual, pois a linguagem
determina a visão de mundo de cada Ser. Nestes, a linguagem exprime a baixeza
de suas tendências e quando tentam iludir, falando com algum grau de sensatez,
não conseguem sustentar o assunto por muito tempo, acabando sempre por se
traír. Quando na Quarta Dimensão, são designados por alguns povos como
divindades maléficas; outros os designam pelos nomes de demônios, maus gênios,
espíritos do mal etc. Quando nesta dimensão, constituem Seres que se mostram
propensos a todos os vícios geradores das paixões vis e degradantes, tais como
a sensualidade, a crueldade, a traição, a hipocrisia, a cobiça, a avareza etc.
Fazem o mal por prazer, muitas vezes sem motivo e, por ódio ao bem, por
desconhecerem o caminho para também praticá-lo. Quase sempre escolhem suas
vítimas entre pessoas emocional ou mentalmente frágeis e inseguras. Representam
flagelos para a humanidade, pouco importando a categoria social a que pertençam
e o verniz da civilização funciona como uma camuflagem para o seu verdadeiro
nível evolutivo. Necessitam de nossa ajuda e esclarecimento para retornarem aos
caminhos evolutivos, em relação aos quais perderam a consciência.
14.1.2 SERES LEVIANOS:
São ignorantes, maliciosos, irrefletidos e zombeteiros. Intrometem-se em tudo,
a tudo respondem, sem se incomodarem com a verdade. Gostam de causar pequenos
desgostos, de intrigar, de induzir maldosamente ao erro, por meio de
mistificações e de espertezas. Na outra dimensão correspondem aos seres
vulgarmente tratados por duendes, trasgos, diabretes. Acham-se sob a
dependência dos seres superiores na Hierarquia Divina, que muitas vezes os
empregam, como fazemos com os nossos servidores, em tarefas auxiliares. A
linguagem de que se servem é, amiúde, espirituosa e faceira, mas quase sempre
sem profundeza de idéias. Aproveitam-se das esquisitices e dos ridículos
humanos e os apreciam, tornando-se mordazes e satíricos, como forma inferior de
diversão.
14.1.3 SERES PSEUDO-SÁBIOS: Dispõem
de conhecimentos bastante amplos, porém, crêem saber mais do que realmente
sabem. Tendo realizado alguns progressos sob diversos pontos de vista, a
linguagem deles apresenta um cunho de seriedade, de natureza a iludir com
respeito às suas capacidades. Em geral, isto não passa de reflexo dos
preconceitos e idéias sistemáticas que os caracterizam. Misturam algumas verdades com erros dos mais polpudos,
através dos quais expressam a presunção, o orgulho, o ciúme e a obstinação, de
que ainda não puderam despir-se.
14.1.4 SERES NEUTROS:
Não são nem bastante bons para fazerem o bem, nem bastante maus para fazerem o
mal. Tendem tanto para um como para outro lado e não ultrapassam a condição
comum da humanidade, quer no que se refere à moral, quer no que se refere à
inteligência. Apegam-se às coisas materiais, de cujas grosseiras alegrias
sentem saudades, quando delas estejam
privados, muitas vezes buscando as oportunidades para conseguí-las
através de outros.
14.1.5 SERES PERTUBADORES:
Inclui características dos seres perturbadores viventes também no plano físico,
quando se satisfazem em atazanar outras pessoas, salientando suas dificuldades
e defeitos. Propriamente falando, não formam uma classe distinta pelas suas
qualidades pessoais. Podem caber em todas as classes inferiores de
desenvolvimento. Quando na outra dimensão, geralmente manifestam sua presença
por efeitos sensíveis e físicos, como pancadas, movimento e deslocamento anormal de corpos sólidos, agitação do ar,
etc. Afiguram-se mais do que os outros, presos à matéria. Reconhece-se que
esses fenômenos não derivam de uma causa fortuita ou física, evidenciando
caráter intencional e inteligente. Todos os seres podem produzir tais
fenômenos, mas os de ordem elevada os deixam, de ordinário, como atribuições
dos subalternos, mais aptos para as coisas materiais do que para as coisas do
espírito. Muitas vezes servem à necessidade de atrair a atenção dos seres
humanos para os fenômenos do mundo espiritual.
14.2. BONS SERES: Predominância
do espírito sobre a matéria; desejo do bem. Suas qualidades e poderes para o
bem estão em relação com o grau de adiantamento que hajam alcançado; uns têm a
ciência, outros a sabedoria e a bondade. Os mais adiantados reúnem o saber e as
qualidades morais. Não estando ainda completamente aperfeiçoados, conservam
mais ou menos rígidos os traços
marcantes de sua personalidade, conforme a categoria que ocupam, demonstrando isto na forma de linguagem, nos hábitos, no que se descobre
até mesmo algumas manias. De outra forma seriam seres perfeitos. Compreendem
Deus e o infinito e já gozam da felicidade dos bons. São felizes pelo bem que
fazem e pelo mal que impedem. O amor que os une lhes é fonte de inefável
ventura, não sendo perturbados nem pela inveja, nem pelos remorsos, nem pelas
más paixões, que constituem o tormento dos seres imperfeitos. Suscitam bons
pensamentos, desviam o próximo da senda do mal, protegem os que se mostram
dignos de proteção e procuram neutralizar a influência dos seres imperfeitos sobre aqueles a quem
não é devido sofrê-la. São bondosos e benevolentes com seus semelhantes. Não os
movem o orgulho, nem o egoísmo ou a ambição. Não experimentam ódio, rancor,
inveja ou ciúme e fazem o bem pelo bem.
Quando na outra
dimensão são designados, por algumas crenças, pelos nomes de bons gênios,
gênios protetores, espíritos do bem. Em épocas de superstições e ignorância,
eles foram elevados á categoria de divindades benfazejas. Podem ser divididos
em quatro grupos principais:
14.2.1. SERES BENÉVOLOS:
A bondade é neles a qualidade dominante. Agrada-lhes prestar serviços ao
próximo e protegê-los. Seus conhecimentos são relativamente limitados.
Progridem mais no sentido moral do que no sentido intelectual.
14.2.2. SERES SÁBIOS. Distinguem-se pela amplitude de seus
conhecimentos. Preocupam-se menos com as questões morais, do que com as de
natureza científica, para as quais têm aptidão. Entretanto, só encaram a
ciência do ponto de vista da sua utilidade e jamais deixam-se dominar por
sentimentos inferiores.
14.2.3 SERES DE SABEDORIA. As qualidades morais de ordem mais
elevada são a sua principal característica. Sem possuírem ilimitados
conhecimentos, são dotados de uma capacidade intelectual que lhes faculta juízo
reto sobre os homens e os acontecimentos.
14.2.4 SERES SUPERIORES.
Esses reúnem em si a ciência, a sabedoria e a bondade, e a sua linguagem exala
sempre benevolência. É uma linguagem invariavelmente digna, elevada e, muitas
vezes, sublime. Sua superioridade os torna mais aptos do que os outros a nos
darem noções exatas sobre os aspectos evolutivos, dentro dos limites do que é
permitido ao homem saber. Falam complacentemente com os que procuram de boa fé
suas instruções e já se apresentam bastante desprendidos das falhas humanas.
Tendem a afastar-se dos curiosos e dos que não visam o bem comum. Na história
da humanidade são representados por aqueles que contribuíram para o progresso
da humanidade e cujas existências nos oferecem o tipo de perfeição a que a
humanidade pode aspirar neste mundo. São os Seres, em sua última existência
terrena, antes de alcançarem a Maestria.
14.3 SERES PUROS: Apresentam
total superioridade do espírito sobre a matéria e superioridade intelectual e
moral absoluta em relação aos seres anteriormente citados. Os Seres desta
categoria despojaram-se de todas as impurezas da matéria, tendo alcançado a
soma de perfeição de que é suscetível a criatura humana. Realizam a vida eterna
no seio de Deus. Gozam de inalterável felicidade, porque não se acham
submetidos as necessidades, nem às vicissitudes da vida material. Esta
felicidade, porém, não é a de ociosidade monótona, a transcorrer em perpétua
contemplação. Eles são os mensageiros e os Ministros de Deus (Mestres), cujas
ordens executam para a manutenção da harmonia universal. Comandam a todos os
que lhes são inferiores, auxiliam-nos na obra de seu aperfeiçoamento e lhes
designam as suas missões. Assistir aos homens nas suas aflições, auxiliá-los no
caminho do bem ou na expiação das faltas que os conservam distanciados da suprema
felicidade, constitui para eles abençoada tarefa. Ocupam as categorias de
Mestres Ascencionados, Anjos e Arcanjos e têm posições definidas na Hierarquia
Cósmica. Entretanto, como o universo está em permanente processo de expansão e
aperfeiçoamento, estas posições são temporárias, até que Eles venham a ser
chamados para ocupar níveis mais elevados
desta Hierarquia.
[1] Texto
introdutório de Sueli Meirelles, complementado por texto extraído do Livro dos Espíritos de
Allan Kardec.