Lingüisticamente, sectário tem o sentido de: “relativo ou
pertencente à seita: membro de uma seita; partidário ferrenho”. Sectarismo é “partidarismo; espírito de
seita” (Dic.
Da Língua Portuguesa, pág. 918). Desta
forma, o sectarismo, seja religioso, implica numa postura radical, diante de
tudo aquilo que não esteja em conformidade com as crenças absolutas do
indivíduo sectário. Este posicionamento radical
traduz-se numa intensa carga emocional, que pode conduzir ao fanatismo
que, historicamente, alimentou as fogueiras da “Santa Inquisição”. Associado à
ignorância que geralmente acompanha os indivíduos radicais, sempre avessos à
compreensão de outras idéias diferentes das suas, o sectarismo constitui-se num
risco para o cumprimento da liberdade de culto religioso, estabelecida pela
Constituição Brasileira.
No Fórum Mundial de Educação,
realizado na cidade de Nova Iguaçu, anos atrás, foram apresentados alguns
interessantes trabalhos sobre diversidade religiosa nas escolas. No encontro
sobre a Saúde da Mulher, realizado no mesmo mês, foi levantada a questão da
diversidade religiosa no atendimento de pacientes terminais, nos hospitais.
Como podemos ver, o tema começa a surgir como foco de preocupação para aqueles
que atuam nesses pólos executores das ações sociais (escolas e hospitais), onde
algumas tradições religiosas podem ser privilegiadas, em detrimento de outras.
A título de esclarecimento da
questão, queremos lembrar que religião é cultura; integra as tradições de um
povo, significando o método ou procedimento estabelecido por esse povo,
para adoração a Deus. Isto significa dizermos que as religiões são um produto
da necessidade humana de compreender Deus, caracterizando-se em diferentes
procedimentos para cada povo, em cada momento da história da
humanidade.
Em suas origens, todos as religiões
têm um tronco único no primitivo Panteísmo (sistema
segundo o qual Deus é o conjunto de tudo quanto existe; a universalidade dos
seres – Dic. Da Língua Portuguesa. Pág. 755), para,
posteriormente, dividir-se em três ramos principais: 1)O Monoteísmo, que dá
origem ao Judaísmo, ao Cristianismo, e suas ramificações no Catolicismo,
Maometismo e Protestantismo; 2) o ramo das tradições africanas; 3) o ramo das
tradições espiritualistas, orientais e esotéricas.
As subdivisões, geralmente ocorrem
pelo rompimento entre os líderes de uma determinada tradição religiosa, que
divergem na interpretação dos seus textos sagrados, dando origem a uma nova
tradição ou método de adoração a Deus, constituindo-se, por sua vez, num outro
conjunto específico de crenças e dogmas (cada um dos pontos fundamentais e
indiscutíveis de uma doutrina religiosa – Dic. Da Língua Portuguesa, pág. 365.).
Deixamos aqui um alerta, aos líderes
religiosos (principais responsáveis pela interpretação dos textos sagrados), e
aos profissionais da área de Direito e Justiça (defensores e cumpridores da
Legislação Brasileira), quanto à necessidade de que aqueles que têm acesso a
informação, protejam a nossa sociedade dos abusos sectários, muitas vezes
movidos por interesses pessoais e/ou escusos de algumas lideranças. Tal fator,
associado à baixa escolaridade de nosso povo, cria as condições ideais para a
manipulação de massas, capaz de transformar um indivíduo alienado numa espécie
de “terrorista” disposto a matar o corpo do seu semelhante, na intenção de
salvar-lhe a alma.
Se as distorções que estão começando
a acontecer forem esclarecidas deste já, o Brasil poderá continuar a ser
conhecido como o “Caldeirão Cultural” que sempre foi, dando ao mundo um belo
exemplo de transreligiosidade pacífica, onde cada grupo religioso pode ser
aceito e respeitado em suas crenças, sem misturar ou separar o que é apenas uma
expressão relativa do ser humano, ao reverenciar o Deus Único.
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Texto de Autoria de Sueli Meirelles: Especialista em Psicologia Clínica (Regressão de Memória, Hipnose Ericksoniana e Reprogramação Mental) Consultora em Desenvolvimento Humano, Saúde Integral, Ecologia Integral e Educação para a Paz. Escritora e Palestrante.
Site: www.suelimeirelles.com