quarta-feira, 25 de outubro de 2017

SECTARISMO RELIGIOSO - Texto Complementar XII

           

 Lingüisticamente, sectário tem o sentido de: “relativo ou pertencente à seita: membro de uma seita; partidário ferrenho”. Sectarismo é “partidarismo; espírito de seita” (Dic. Da Língua Portuguesa, pág. 918). Desta forma, o sectarismo, seja religioso, implica numa postura radical, diante de tudo aquilo que não esteja em conformidade com as crenças absolutas do indivíduo sectário. Este posicionamento radical  traduz-se numa intensa carga emocional, que pode conduzir ao fanatismo que, historicamente, alimentou as fogueiras da “Santa Inquisição”. Associado à ignorância que geralmente acompanha os indivíduos radicais, sempre avessos à compreensão de outras idéias diferentes das suas, o sectarismo constitui-se num risco para o cumprimento da liberdade de culto religioso, estabelecida pela Constituição Brasileira.
            No Fórum Mundial de Educação, realizado na cidade de Nova Iguaçu, anos atrás, foram apresentados alguns interessantes trabalhos sobre diversidade religiosa nas escolas. No encontro sobre a Saúde da Mulher, realizado no mesmo mês, foi levantada a questão da diversidade religiosa no atendimento de pacientes terminais, nos hospitais. Como podemos ver, o tema começa a surgir como foco de preocupação para aqueles que atuam nesses pólos executores das ações sociais (escolas e hospitais), onde algumas tradições religiosas podem ser privilegiadas, em detrimento de outras.
            A título de esclarecimento da questão, queremos lembrar que religião é cultura; integra as tradições de um povo, significando o método ou procedimento estabelecido por esse povo, para adoração a Deus. Isto significa dizermos que as religiões são um produto da necessidade humana de compreender Deus, caracterizando-se em diferentes procedimentos para cada povo, em cada momento da história da humanidade.
            Em suas origens, todos as religiões têm um tronco único no primitivo Panteísmo (sistema segundo o qual Deus é o conjunto de tudo quanto existe; a universalidade dos seres – Dic. Da Língua Portuguesa. Pág. 755), para, posteriormente, dividir-se em três ramos principais: 1)O Monoteísmo, que dá origem ao Judaísmo, ao Cristianismo, e suas ramificações no Catolicismo, Maometismo e Protestantismo; 2) o ramo das tradições africanas; 3) o ramo das tradições espiritualistas, orientais e esotéricas.
            As subdivisões, geralmente ocorrem pelo rompimento entre os líderes de uma determinada tradição religiosa, que divergem na interpretação dos seus textos sagrados, dando origem a uma nova tradição ou método de adoração a Deus, constituindo-se, por sua vez, num outro conjunto específico de crenças e dogmas (cada um dos pontos fundamentais e indiscutíveis de uma doutrina religiosa – Dic. Da Língua Portuguesa, pág. 365.).
            Deixamos aqui um alerta, aos líderes religiosos (principais responsáveis pela interpretação dos textos sagrados), e aos profissionais da área de Direito e Justiça (defensores e cumpridores da Legislação Brasileira), quanto à necessidade de que aqueles que têm acesso a informação, protejam a nossa sociedade dos abusos sectários, muitas vezes movidos por interesses pessoais e/ou escusos de algumas lideranças. Tal fator, associado à baixa escolaridade de nosso povo, cria as condições ideais para a manipulação de massas, capaz de transformar um indivíduo alienado numa espécie de “terrorista” disposto a matar o corpo do seu semelhante, na intenção de salvar-lhe a alma.
            Se as distorções que estão começando a acontecer forem esclarecidas deste já, o Brasil poderá continuar a ser conhecido como o “Caldeirão Cultural” que sempre foi, dando ao mundo um belo exemplo de transreligiosidade pacífica, onde cada grupo religioso pode ser aceito e respeitado em suas crenças, sem misturar ou separar o que é apenas uma expressão relativa do ser humano, ao reverenciar o Deus Único.

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Texto de Autoria de Sueli Meirelles: Especialista em Psicologia Clínica (Regressão de Memória, Hipnose Ericksoniana e Reprogramação Mental) Consultora em Desenvolvimento Humano, Saúde Integral, Ecologia Integral e Educação para a Paz. Escritora e Palestrante.