Recolhidos às nossas casas, nós vivemos tempos de profundas
reflexões. Se dentro do princípio de sincronicidade, tudo tem um significado,
porque estamos sendo convocados ao uso de máscaras, para evitarmos a
contaminação pelo Corona Virus? Como sempre, fui até o dicionário online e lá,
encontrei a seguinte definição de máscara: Peça com que se cobre parcial ou totalmente o rosto para ocultar a própria
identidade. No Teatro, máscara é assim definida: “Peça com que os atores cobrem o rosto
para caracterizar o personagem”. Estranho! O que tudo isto nos
quer dizer? Está se tornando evidente que, neste final civilizatório, estávamos
escondendo nossas verdadeiras identidades, representando personagens criados
por nós mesmos? Parei para pensar sobre isto! Numa corrida desenfreada em busca
dos modelos sociais de sucesso e realização, sufocamos nossas individualidades
para cedermos às pressões da persona?
Para C.G. Jung, “Persona” é a personalidade que o indivíduo
apresenta aos outros, como real, mas que, na verdade, é uma variante às vezes
muito diferente da verdadeira identidade. Sim! Estávamos cada vez mais nos
distanciando do sentido evolutivo e espiritual da vida, para representarmos um
personagem, acreditando que assim, seríamos mais amados e socialmente aceitos...
E eis que, de repente, o pequenino e invisível Corona Virus, nos desmascarou,
obrigando-nos ao recolhimento interior; obrigando-nos a nos olharmos no espelho
mágico[1]
da nossa interioridade, que nos revela que, diante do Divino, não somos nem
maiores nem menores do que somos, em nossa real condição evolutiva: Pobres
Seres Humanos, perdidos de si mesmos, numa correria frenética, que nos distanciava,
cada vez mais, do real objetivo a ser alcançado: Aprendermos a ser seres
humanos melhores do que estamos sendo. Fomos obrigados a colocar máscaras, para
não contaminarmos nossos semelhantes com nossa saliva contagiosa. Lembrei-me
que, há dois mil anos, Ele nos disse: “Este povo se aproxima
de mim com a sua boca e me honra com os seus lábios, mas o seu coração está
longe de mim. Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos
homens. Ouvi, e entendei: O que contamina o homem não é o que entra na boca,
mas o que sai da boca, isso é o que contamina o homem”... “Porque do coração procedem os maus
pensamentos, mortes, adultérios, fornicação, furtos, falsos testemunhos e
blasfêmias.”(Mateus 15:6-11 - 19)...
Depois de compreender estes significados, sinto que as
palavras tornam-se desnecessárias para continuar a escrever. Talvez por isso, o
coração não fale; apenas sinta o que é necessário fazer!
Sueli
Meirelles, em Nova Friburgo, 10 de Abril de 2020.
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[1]
Link para o Conto O Espelho Mágico: https://sueli-meirelles.blogspot.com/2020/03/o-espelho-magico-conto-transpessoal.html