O paciente A já fazia psicoterapia há algum tempo, sempre trazendo
os conflitos com os familiares paternos, em torno de um interminável
inventário. Neste processo, eu buscava as causas ancestrais do conflito,
percebendo que, pela sua intensidade, deveria ter causas transpessoais. Em uma
captação psíquica anterior, já havia aparecido uma memória transpessoal de uma
senhora de engenho rígida e centralizadora, que regia o seu patrimônio com mãos
de ferro. Ela trazia também um sentimento de culpa em relação a perda de um filho que, por algum motivo não
conseguira salvar, mas isto ainda não havia ficado bem claro. A mãe do paciente
A, já idosa, sofre de Alsheimer, cujo conteúdo emocional é o esquecimento
motivado, quando acontecimentos traumáticos muito intensos, produzem a perda de
memória.
Em
consulta recente, o paciente A relatou um terrível acontecimento familiar: Aos
seis meses de idade, o primogênito da família, morreu em condições trágicas,
quando sua mãe, já no início da segunda gravidez, entrou na cabine do caminhão
de seu marido, com o bebê no colo e, conforme este fez a manobra, a porta se
abriu e o bebê caiu do caminhão, morrendo esmagado sob as rodas do pesado
veículo. Difícil até imaginarmos a intensidade da dor insuportável desses pais,
após a trágica ocorrência. A também relatou que, na primeira infância, via seu
irmão mais velho e brincava com ele, sempre que este aparecia.
Durante o relato em psicoterapia, o
paciente A usava uma tela de fundo, na qual começaram a aparecer algumas
imagens muito significativas, como formas-pensamento da tragédia não elaborada:
Um senhor com roupas antigas e um bebê no colo; uma senhora com roupas antigas
como um bebê no colo e um “frade” com um bebê no colo, que depois foi
identificado pelo paciente A como sendo São José, o Patrono da Boa Morte. Segundo
relato do pai do paciente A, naquele dia fatídico, a mãe, em desespero,
arrancou parte dos próprios cabelos, permanecendo durante longos dias,
debruçada na janela, com os olhos fixos no horizonte, como se esperasse o
retorno do seu filhinho ou uma explicação para sua dor insuportável. Segundo o
marido, depois da tragédia, ela nunca mais foi a mesma pessoa. Numa
trans-comunicação com o filho, durante uma das sessões terapêuticas, ele pediu
ao filho que cuidasse da mãe como ele, marido, havia cuidado durante a sua
vida.
Diante do
relato da tragédia e das formas-pensamento que apareciam na tela virtual, decidi
fazer uma nova captação psíquica, em reunião presencial do Grupo do Carrossel
de Luz, considerando que seria impossível que algum membro da família pudesse
acessar, conscientemente, esta memória, através de processo terapêutico. Na
reunião, após induzir a sensitiva A ao acesso do inconsciente da senhora E,
evidenciou-se um padrão de pensamento concreto, com pouca compreensão e
informação sobre as possíveis relações psico-espirituais existentes entre as pessoas.
Diante desta constatação, decidi induzir a Sensitiva A para captar o
inconsciente do menino falecido sete anos antes do paciente A ter nascido,
identificando na Individualidade do mesmo, fortes sentimentos de culpa em
relação ao sofrimento da mãe, o que me pareceu ter uma correlação direta com a
memória anteriormente captada, da Senhora de Engenho, que também havia perdido
um filho. Percebi haver uma forte relação de causa e efeito entre os dois
relatos. Comecei, então, a dessensibilizar as cargas emocionais do bebê,
percebendo uma semelhança entre os sentimentos do menino e os sentimentos do paciente A. Em dado momento, este me perguntou
se poderia abraçar o menino, ao que eu prontamente respondi que “deveria”,
antecipando que a Individualidade do menino era a mesma do paciente A e que
este havia passado toda a sua vida, até aquele momento, num estado dissociado,
causado pelo susto da passagem repentina, depois da qual ficou sentindo-se
perdido, sem compreender o ocorrido, tanto pela tenra idade, como pela falta de
informações sobre vida espiritual. Voltando a incentivar o esvaziamento da
forte dor emocional, orientei que o paciente A abraçasse o menino captado pela
Sensitiva A e o encaixasse dentro de si mesmo, simbolizado pela cor azul, inspirando
profundamente esta cor, para recuperar a sua integridade psíquica. Esta
captação foi realizada no dia 7 de abril de 2024 e o processo terapêutico ainda
terá continuidade, para a elaboração consciente e compreensão dos intrincados
vínculos do inconsciente profundo da família, na qual os parentes conflituosos
podem ter uma correlação com os débitos evolutivos da Senhora de Engenho.
Apesar
dos longos anos de trabalho com os casos clínicos transpessoais, ainda me
surpreendo com a intensidade dessas memórias que, cada vez mais, emergem à
consciência, para serem compreendidas e liberadas na misericordiosa energia do
auto-perdão, do pedido de perdão ao Divino, do pedido de perdão ao outro e do
perdão aos inimigos espiriuais que, como seixos que rolam pelos rios da vida,
vão sendo todos lapidados, até alçarem níveis de consciência mais elevados, com
a compreensão das aprendizagens resultantes das experiências vivenciadas em
cada existência terrena. Aprendizagem para todos nós, alunos da Escola da
Vida...
Como temos memórias que precisam ser acessadas esvaziadas para seguirmos mais integrados com nosso Eu superior. Trabalho de profundidade e que vai nas causas mais profundas! Que Deus abençoe sempre
ResponderExcluirÉ gratificante podermos estar todos juntos e ajudar ao próximo!
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