terça-feira, 9 de abril de 2024

CASOS CLÍNICOS TRANSPESSOAIS - O FILHO PERDIDO



        

O paciente A já fazia psicoterapia há algum tempo, sempre trazendo os conflitos com os familiares paternos, em torno de um interminável inventário. Neste processo, eu buscava as causas ancestrais do conflito, percebendo que, pela sua intensidade, deveria ter causas transpessoais. Em uma captação psíquica anterior, já havia aparecido uma memória transpessoal de uma senhora de engenho rígida e centralizadora, que regia o seu patrimônio com mãos de ferro. Ela trazia também um sentimento de culpa em relação  a perda de um filho que, por algum motivo não conseguira salvar, mas isto ainda não havia ficado bem claro. A mãe do paciente A, já idosa, sofre de Alsheimer, cujo conteúdo emocional é o esquecimento motivado, quando acontecimentos traumáticos muito intensos, produzem a perda de memória.

               Em consulta recente, o paciente A relatou um terrível acontecimento familiar: Aos seis meses de idade, o primogênito da família, morreu em condições trágicas, quando sua mãe, já no início da segunda gravidez, entrou na cabine do caminhão de seu marido, com o bebê no colo e, conforme este fez a manobra, a porta se abriu e o bebê caiu do caminhão, morrendo esmagado sob as rodas do pesado veículo. Difícil até imaginarmos a intensidade da dor insuportável desses pais, após a trágica ocorrência. A também relatou que, na primeira infância, via seu irmão mais velho e brincava com ele, sempre que este aparecia.

Durante o relato em psicoterapia, o paciente A usava uma tela de fundo, na qual começaram a aparecer algumas imagens muito significativas, como formas-pensamento da tragédia não elaborada: Um senhor com roupas antigas e um bebê no colo; uma senhora com roupas antigas como um bebê no colo e um “frade” com um bebê no colo, que depois foi identificado pelo paciente A como sendo São José, o Patrono da Boa Morte. Segundo relato do pai do paciente A, naquele dia fatídico, a mãe, em desespero, arrancou parte dos próprios cabelos, permanecendo durante longos dias, debruçada na janela, com os olhos fixos no horizonte, como se esperasse o retorno do seu filhinho ou uma explicação para sua dor insuportável. Segundo o marido, depois da tragédia, ela nunca mais foi a mesma pessoa. Numa trans-comunicação com o filho, durante uma das sessões terapêuticas, ele pediu ao filho que cuidasse da mãe como ele, marido, havia cuidado durante a sua vida.

               Diante do relato da tragédia e das formas-pensamento que apareciam na tela virtual, decidi fazer uma nova captação psíquica, em reunião presencial do Grupo do Carrossel de Luz, considerando que seria impossível que algum membro da família pudesse acessar, conscientemente, esta memória, através de processo terapêutico. Na reunião, após induzir a sensitiva A ao acesso do inconsciente da senhora E, evidenciou-se um padrão de pensamento concreto, com pouca compreensão e informação sobre as possíveis relações psico-espirituais existentes entre as pessoas. Diante desta constatação, decidi induzir a Sensitiva A para captar o inconsciente do menino falecido sete anos antes do paciente A ter nascido, identificando na Individualidade do mesmo, fortes sentimentos de culpa em relação ao sofrimento da mãe, o que me pareceu ter uma correlação direta com a memória anteriormente captada, da Senhora de Engenho, que também havia perdido um filho. Percebi haver uma forte relação de causa e efeito entre os dois relatos. Comecei, então, a dessensibilizar as cargas emocionais do bebê, percebendo uma semelhança entre os sentimentos do menino e os sentimentos do  paciente A. Em dado momento, este me perguntou se poderia abraçar o menino, ao que eu prontamente respondi que “deveria”, antecipando que a Individualidade do menino era a mesma do paciente A e que este havia passado toda a sua vida, até aquele momento, num estado dissociado, causado pelo susto da passagem repentina, depois da qual ficou sentindo-se perdido, sem compreender o ocorrido, tanto pela tenra idade, como pela falta de informações sobre vida espiritual. Voltando a incentivar o esvaziamento da forte dor emocional, orientei que o paciente A abraçasse o menino captado pela Sensitiva A e o encaixasse dentro de si mesmo, simbolizado pela cor azul, inspirando profundamente esta cor, para recuperar a sua integridade psíquica. Esta captação foi realizada no dia 7 de abril de 2024 e o processo terapêutico ainda terá continuidade, para a elaboração consciente e compreensão dos intrincados vínculos do inconsciente profundo da família, na qual os parentes conflituosos podem ter uma correlação com os débitos evolutivos da Senhora de Engenho.

               Apesar dos longos anos de trabalho com os casos clínicos transpessoais, ainda me surpreendo com a intensidade dessas memórias que, cada vez mais, emergem à consciência, para serem compreendidas e liberadas na misericordiosa energia do auto-perdão, do pedido de perdão ao Divino, do pedido de perdão ao outro e do perdão aos inimigos espiriuais que, como seixos que rolam pelos rios da vida, vão sendo todos lapidados, até alçarem níveis de consciência mais elevados, com a compreensão das aprendizagens resultantes das experiências vivenciadas em cada existência terrena. Aprendizagem para todos nós, alunos da Escola da Vida...

segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

CASOS CLÍNICOS TRANSPESSOAIS - MEMÓRIAS PATERNAS

 



               O pré-adolescente G apresenta dores abdominais frequentes, ansiedade,  insônia e bloqueio da expressão emocional. Fez acompanhamento psicopedagógico para adaptação à nova escola, alcançando bons resultados de aprovação, mas ainda necessitava de uma pesquisa mais profunda, em suas memórias transpessoais.

               Trabalhando com a avó do menor, confirmamos que G traz as memórias transpessoais de seu bisavô materno, o que já havia sido informado à família,  em evento espontâneo de trans-comunicação, através da sensitiva A, em uma antiga reunião de harmonização, realizada em meu consultório. Na ocasião, o bisavô materno, para surpresa dos familiares presentes na sessão, informou que estaria de volta como filho de V, que iria sentar-se no seu colo e que a família teria uma surpresa numa terça feira. De fato, a mãe de G fazia as ultrasonografias às terças-feiras, dia da semana em que se confirmou que o bebê seria um menino.

               G passou pela separação litigiosa de seus pais, com muitos ressentimentos, lamentando-se pelo fato de que eles, naquele momento,  não tenham pensado no filho, nem lhe explicado os motivos da separação repentina, 15 dias antes do Natal.

               Realizando uma captação psíquica de G, através de sua avó paterna, encontramos padrões semelhantes entre a existência anterior e a atual. Na memória transpessoal do bisavô paterno este, quando menino, morava numa casa de cômodos, num bairro antigo do Rio de Janeiro, com a irmã bem mais velha do que ele e a mãe idosa e do lar, que separou-se do marido quando o filho ainda era recém-nascido e não  permitiu que o pai o visse, quando voltou, um ano depois e eles nunca mais se viram. Esta condição era motivo de preocupação para o menino, que perdia noites de sono imaginando como seria a sua vida, se a irmã costureira, que sustentava a pequena família, viesse a falecer, o que na realidade não aconteceu, evidenciando-se os mesmos padrões emocionais que emergem para serem curados.

               Na existência atual, após a separação dos pais, G passou a morar com a mãe e a avó materna, revivendo o mesmo estado de ansiedade diante da possibilidade de falecimento da avó provedora, dada a condição do desemprego materno. Também sente falta da presença mais efetiva do pai, como apoio, lei e limite nas relações com o mundo externo, aspecto que também vem sendo trabalhado nos acompanhamentos terapêuticos do genitor.

               Durante a captação, conseguimos esvaziar muita dor e sofrimento retidos nas memórias transpessoais de G, levando sua Individualidade a compreender que o que aconteceu antes não precisa repetir-se na atual existência.

               Atualmente entrando na pré-adolescência, G se prepara para o ingresso na vida militar, desejo não realizado na existência anterior, por ter sido avaliado como arrimo de família, por ser o único homem, assumindo o sustento da mãe e da irmã, ainda jovem, até o final de suas existências.

               G ainda se encontra em acompanhamento terapêutico, até que tenha alcançado o estado de homeostase necessário para que ele retome a espontaneidade natural de sua juventude e possa realizar, no tempo adequado, o seu sonho profissional, interrompido na existência anterior, tendo seu pai como a  mão amiga, protetora e orientadora do seu caminho evolutivo.

                                        Dra. Sueli Meirelles, em Nova Friburgo, 28 de janeiro de 2024.

domingo, 28 de janeiro de 2024

CASO CLÍNICO TRANSPESSOAL - A HERDEIRA

 


A paciente A procurou a psicoterapia em função das dificuldades de relacionamento conjugal, com sua genitora e dificuldades de assumir suas funções maternas. Apresenta o padrão típico de oralidade insatisfeita, com obesidade, dificuldades de controle alimentar e falta de iniciativa. No decorrer do processo terapêutico, alcançou melhores níveis de proatividade, retornando, posteriormente ao padrão inicial, diante do que sugerimos as técnicas regressivas, em especial à vida intrauterina, renascimento e memórias transpessoais, mas ela mostrou-se resistente, cancelando o tratamento.

Como sua genitora também se encontrava em processo terapêutico, agendamos uma captação psíquica com a sensitiva A, que acessou uma memória transpessoal de nobreza, na qual o genitor, insatisfeito com o fato de que sua esposa não lhe tivesse dado um herdeiro do sexo masculino, ordena que se cumpra a lei e que a menina seja morte ou doada para ser criada por outro família. Desesperada com a decisão do marido e senhor, a mãe decide fugir com a criança, com o apoio da ama de leite e de um barqueiro contratado para tal fim. Ao atravessarem um rio caudaloso, em busca de refúgio em terras distantes, o barco naufraga, já próximo a margem e o barqueiro e a ama conseguem salvar-se com a menina, mas a mãe, por não saber nadar, morre afogada. Alcançando o refúgio em terras longínquas, o barqueiro e a ama de leite criam a criança como sendo filha de ambos, jamais lhe revelando suas origens de nobreza, desse modo preservando-lhe a vida.

Esta memória tão trágica explica o comportamento de A, em sua existência atual, sempre exigindo do padrasto, o pai na outra existência, que lhe dê o devido sustento e atenção afetiva, fazendo com que a mãe fique como mediadora no conflito entre ambos. Como o padrasto não acessa suas memórias transpessoais e A se recusa a fazer as técnicas regressivas, a situação permanece em aberto, aguardando que o atual momento evolutivo de final de ciclo planetário, traga, espontaneamente, esta memória à consciência do pai e da filha de outrora... Que o Divino os sustente nesta travessia do caudaloso rio da vida!

Dra. Sueli Meirelles, Nova Friburgo, 27/10/23, data da publicação do caso clínico.