quarta-feira, 29 de novembro de 2017

CURA E TRANSCENDÊNCIA - Estudo


Paralelamente a todo o avanço tecnológico desta segunda metade do século XX, o inconsciente coletivo da humanidade jamais deixou de estabelecer uma ligação entre a cura e o potencial transcendente de fé.
 Apesar das pressões do pensamento materialista, nossa Sabedoria Interior persistiu acreditando numa dimensão maior do que a realidade em que estamos mergulhados. Hoje, a própria Organização Mundial de Saúde define o conceito de saúde como “O bem-estar físico, emocional, mental e espiritual do ser humano”.
 No alvorecer do terceiro milênio, finalmente admitimos que somos seres espirituais vivendo num plano material. Esta verdade inegável nos foi ensinada, há dois mil anos atrás, por Aquele que, dentro do pensamento cristão, foi o Maior Terapeuta de todos os tempos: O Mestre Jesus.
As curas por Ele realizadas levam-me a refletir sobre os requisitos básicos para que a saúde se restabeleça em nosso organismo e sobre qual a nossa parcela de responsabilidade neste processo. Convido você, leitor, para que de agora em diante, se delicie comigo em tão Sublime Companhia, buscando através do próprio inconsciente, nas entrelinhas deste texto, as memórias  que as palavras deixam escapar, pois sabemos que tudo o que pudermos escrever, ainda é muito pouco diante de tudo que nos foi ensinado por Ele... Mas esta é uma percepção inconsciente. A partir de agora, vamos, conscientemente, desvelar os sentidos ocultos que se perderam através dos tempos e resgatar estes preciosos conhecimentos:

OS CONCEITOS DE TERAPÊUTICA, CURA E FÉ:

Procurando de alguma forma situar-me objetivamente num assunto tão complexo, busquei compreender o próprio conceito de Terapeuta e Terapêutica. No Dicionário Etimológico Nova Fronteira, na página 764, encontrei assim definido: Terapêutica: “O estudo e a prática dos meios adequados para aliviar ou curar os doentes”. Em seu sentido filosófico, o Terapeuta é o “Curador de Almas”.
                        Em relação ao conceito de cura, encontrei, na mesma obra, na página 234, o sentido de “ter cuidado, livrar da doença.”  Observei que,  para o mesmo termo, havia ainda outros sentidos, tais como “cura”, o padre de uma paróquia e “curador”, aquele que se responsabiliza e cuida dos bens de outro, que por algum motivo se encontra incapacitado de fazê-lo”. Tais correlações conduziram-me a pesquisar o significado de . Na página 351 do referido dicionário, encontrei os sinônimos confiança, crédito, autenticidade, sinceridade.” Lembrei-me, ainda, de que o termo fé, com este significado, é com freqüência utilizado também no sentido jurídico de confiabilidade  e autenticidade. A partir da compreensão desses termos, comecei a me indagar sobre a correlação existente entre a fé e o processo de cura.

AS CURAS DO MESTRE JESUS:

                        Todos os Textos Sapientais da Humanidade, por terem sido canalizados ou inspirados por uma Fonte Superior, utilizam a linguagem metafórica como forma de tradução da Sabedoria Suprema. Embora tenhamos que levar em consideração que muitos termos usados nos textos sagrados estabelecem comparações passíveis de serem compreendidas pelas pessoas da época, como os termos lunático ( termo simbólico para designar a loucura)  e endemoniado (diábolos significa obstáculo; nossas falhas de personalidade que funcionam como impedimentos internos ao processo evolutivo), hoje eles fazem sentido a partir do conceito de Inconsciente e dos modernos conhecimentos da Psiconeurolinguística. Pesquisando o Novo Testamento, reuni alguns relatos, objetivando encontrar a chave de compreensão dos processos de cura realizados pelo Mestre Jesus:

O PARALÍTICO DE CAFARNAUM

( Mateus 9.2-8)
                        E, entrando no barco, passou para a outra banda, e chegou à sua cidade. E eis que lhe trouxeram um paralítico deitado numa cama.
                        2 E Jesus, vendo a fé deles, disse ao paralítico: Filho, tem bom ânimo; perdoados te são os teus pecados.
                        3 E eis que alguns dos escribas diziam entre si: Ele blasfema.
                        4 Mas Jesus, conhecendo os seus pensamentos, disse: Por que pensais mal em vossos corações?
                        5 Pois qual é mais fácil? Dizer: Perdoados te são os teus pecados, ou dizer: levanta-te e anda?
                        6 ora, para que saibais que o Filho do homem tem na terra autoridade para perdoar pecados (disse então ao paralítico): Levanta-te; toma a tua cama e vai para tua casa.
                        7 E levantando-se, foi para sua casa.
                        8 E a multidão, vendo isto, maravilhou-se, e glorificou a Deus, que dera tal poder aos homens.

A CURA DE DOIS CEGOS E UM MUDO

(Mateus 9.27-34)

                        27 e partindo Jesus dali, seguiram-no dois cegos, clamando e dizendo: Tem compaixão de nós, filho de Davi.
                        28 E, quando chegou a casa, os cegos se aproximaram dele;  e Jesus disse-lhes: Credes vós que eu possa fazer isto? Disseram-lhe eles: Sim, Senhor.
                        29 Tocou então os olhos deles, dizendo: Seja-vos feito segundo a vossa fé.
                        30 E os olhos se lhes abriram. E Jesus ameaçou-os, dizendo: Olhai que ninguém o saiba.
                        31 Mas tendo ele saído, divulgaram a sua fama por toda aquela terra.
                        32 E, havendo-se eles retirado, trouxeram-lhe um homem mudo e endemoniado.
                        33 E, expulso o demônio, falou o mudo; e a multidão se maravilhou, dizendo: Nunca tal se viu em Israel.
                        34 mas os fariseus diziam: Ele expulsa os demônios pelo príncipe dos demônios.

                        A MULHER CANANÉIA COM A FILHA ENDEMONIADA

(Mateus 15.21-28)

                        21 E, partindo Jesus dali, foi para as partes de Tiro e de Sidon.
                        22 E eis que uma mulher cananéia, que saíra daquelas cercanias, clamou, dizendo: Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de mim, que minha filha está miseravelmente endemoniada.
                        23 Mas ele não lhe respondeu palavra. E os seus discípulos, chegando ao pé dele, rogaram-lhe, dizendo; Despede-a, que vem gritando atrás de nós.
                        24 E ele, respondendo, disse: Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.
                        25 Então chegou ela, e adorou-o, dizendo; Senhor, socorre-me.
                        26 Ele, porém, respondendo, disse: Não é bom pegar no pão dos filhos e deitá-lo aos cachorrinhos.
                        27 E ela disse: Sim, Senhor, mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus senhores.
                        28 Então respondeu Jesus, e disse-lhe: Ó mulher! Grande é a tua fé; seja isso feito para contigo como tu desejas. E desde aquela hora a sua filha ficou sã.

A CURA DUM  LUNÁTICO

(Mateus 17.14-21)

                        14 E, quando chegaram à multidão, aproximou-se-lhe um homem, pondo-se de joelhos diante dele, e dizendo:
                        15 Senhor, tem misericórdia de meu filho, que é lunático e sofre muito; pois muitas vezes cai no fogo, e muitas vezes na água;
                        16 E trouxe-o aos teus discípulos; e não puderam curá-lo.
                        17 E Jesus, respondendo, disse: Ó geração incrédula e perversa! Até quando estarei eu convosco, e até quando vos sofrereis? Trazei-mo aqui.
                        18 E repreendeu Jesus o demônio, que saiu dele, e desde aquela hora o menino sarou.
                        19 Então os discípulos, aproximando-se de Jesus em particular, disseram: Por que não pudemos nós expulsá-lo?
                        20 E Jesus lhes disse: Por causa da vossa pouca fé;  porque em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: passa daqui para acolá - e há de passar; e nada vos será impossível.
                        21 Mas esta casta de demônios não se expulsa senão pela oração e pelo jejum.

                                  
Como podemos observar, ora as curas ocorreram pela transmutação do padrão de negatividade mantenedor do sintoma, ora como prova de ação do Poder Divino de que Jesus estava investido, como no caso da cura do cego de nascença, e que, segundo o Plano Divino, era preciso demonstrar:

A CURA DE UM CEGO

(João 9.2-40)

                        1  E, passando Jesus, viu um homem cego de nascença.
                        2 E os seus discípulos lhe perguntaram, dizendo; Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?
                        3 Jesus respondeu; Nem ele pecou nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus.
                        4 Convém que eu faça as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar.
                        5 Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo.
                        6 Tendo dito isto, cuspiu na terra, e com a saliva fez lodo, e untou com o lodo os olhos do cego.
                        7 E disse-lhe: Vai, lava-te no tanque de Siloé (que significa o Enviado). Foi pois, e lavou-se, e voltou vendo.
   

                        Como cada um dos versículos bíblicos é passível de cerca de 75 diferentes interpretações, dentro das várias filosofias religiosas e dada a complexidade do tema,  não pretendo aprofundar-me mais no assunto, preferindo, antes, continuar a refletir sobre a correlação entre fé e cura, observando que esta é uma constante nos relatos das atividades terapêuticas do Mestre Jesus, o que implica diretamente na participação e responsabilidade do doente (doente, dolente, o que manifesta dor, magoado, lamentoso, lastimoso – pág. 275 do Dic. Nova Fronteira) para que a sua saúde se restabeleça.
                         Jean-Yves Leloup, Psicólogo Transpessoal e Teólogo, em seu livro “O Espírito na Saúde”, assim se refere ao Mestre, como Terapeuta: “Jesus é um terapeuta que tem mãos e pede a seus discípulos que imponham as mãos sobre os doentes. Na tradição dos Antigos há um texto que também é encontrado no Evangelho de Tomé, o qual nos diz que temos uma mão na nossa mão. E esta é uma palavra da qual precisamos nos lembrar quando acompanhamos um doente. Porque temos a nossa mão, com o seu conhecimento e a sua competência, mas através dessa mão flui a grande mão da Vida.
                        Jesus cuidava também dos doentes através de sua saliva. Jesus toma sua saliva, mistura-a à lama e coloca-a sobre os olhos dos cegos. Este não é somente um belo símbolo deste sopro, desta energia misturada à lama, que vai curar o cego e dar a ele a visão de tudo o que existe. Há também uma abordagem física que é necessário ser aprofundada.
                        Jesus trata os doentes com suas mãos, com sua saliva e também com suas lágrimas. Entre os últimos conselhos que dá a seus discípulos, lhes diz para impor as mãos aos doentes e mergulhá-los na água. O termo “batismo”, baptisma em grego, quer dizer mergulhar na água. A qual água Ele se refere? Há uma água que purifica e limpa o corpo, mas há também a água das lágrimas que purifica e limpa o corpo em seu interior.
                        (...) Foram feitas pesquisas recentes sobre as lágrimas. Em cada uma delas existe como que uma condensação do nosso estado físico e do nosso estado psíquico. No momento em que deixamos as lágrimas correrem, os nós se dissolvem. Não se trata, é claro, de choramingar, mas de transformar o nosso coração de pedra em coração de carne.
                        (...) Esta experiência das lágrimas pode se reportar tanto a um acontecimento triste e doloroso quanto a uma maravilhosa alegria. (...) Os Antigos dizem que estas lágrimas nos lavam de nossas memórias e isto é verdadeiro porque todo o nosso sofrimento está inscrito em nosso corpo. As lágrimas têm, pois, uma função de purificação e de limpeza. Este batismo de lágrimas é uma prática terapêutica que Jesus conhecia bem.
                        Quando Jesus despertava, naqueles que encontrava, um coração de pedra, ou um coração fechado pelo medo e pela recusa, este coração se liqüefazia no amor. Por isso dizemos que Jesus era um Terapeuta no sentido físico do termo.
                        Jesus era também um Terapeuta da alma e da psique. Ele transformava as pessoas em seres capazes de perdão. Perdoar é parar de identificar o outro com as conseqüências negativas de seus atos e pararmos de nos identificar com as conseqüências negativas de nossos atos. Esta é a própria função do terapeuta. Diante de alguém que está fechado em suas memórias e fechado no encadeamento de causas e efeitos de seus atos, é preciso recolocá-lo em marcha na direção da vida.
                        O ensinamento de Cristo é um convite à caminhada, a ir mais longe, a não se fechar no destino da doença, no destino social. Trata-se, pois, de reabrir a nossa capacidade de ir mais longe.
                        Jesus é também terapeuta no sentido espiritual do termo, no momento em que ensina seus discípulos a orar. Orar não é (apenas) recitar preces mas entrar em relação e em intimidade com a própria fonte do seu ser. Esta fonte do ser que, às vezes, Jesus chamava de Pai.
                        Então Jesus mostrava-se Terapeuta ao ensinar que pela prece o homem podia religar-se à sua fonte. Sabe-se que muitos sofrimentos e doenças ocorrem porque o homem se sente cortado da fonte do seu ser, cortado do seu desejo essencial, cortado do desejo essencial da vida que corre através dele. Quando ele se religa a esta fonte (que é Deus), a cura pode ocorrer. Esta cura ocorre também na comunidade, cada um na religião que é a sua, através do provar de sua própria fonte.”


OS TERAPEUTAS DE ALEXANDRIA, NO PRIMEIRO SÉCULO DA ERA CRISTÃ:


                        Sabendo da estreita ligação entre o Mestre Jesus, os Essênios e outras comunidades da época, busquei também na história, dados que me levassem a compreender como se processava a atuação terapêutica nos primórdios do Cristianismo. Tal empreendimento conduziu-me á comunidade dos Terapeutas que viviam em Alexandria, já no primeiro século da era cristã, constatando uma perfeita sintonia entre o procedimento terapêutico do Mestre e o dessa antiga comunidade.
                        No prefácio do livro Cuidar do Ser, de autoria de Jean-Yves Leloup, Roberto Crema, também Psicólogo e Antropólogo, assim define os Terapeutas: “Os Terapeutas eram, sobretudo, hermeneutas, habilitados na arte da interpretação do Livro das Escrituras, da Natureza e do Coração, dos sonhos e dos eventos da existência. Não se reduzindo a meras explicações analíticas, esta hermenêutica objetivava desvelar o sentido orientador, já que a única dor insuportável, segundo Leloup, é aquela que não somos capazes de interpretar, destituída de qualquer sentido.” (...) “os terapeutas liam as Escrituras como textos do inconsciente. Por outro lado, consideravam as enfermidades suscetíveis de uma interpretação, como se constituíssem textos sagrados.
                        A tarefa considerada primordial para os Terapeutas era cuidar, já que é a Natureza quem cuida. Antes de tudo, cuidar do que não é doente em nós, do Ser, do Sopro que nos habita e inspira. Também cuidar do corpo, templo do Espírito, cuidar do imaginal, das grandes imagens arquetípicas que estruturam a nossa consciência e cuidar do outro, o serviço à comunidade, implicando o próprio centramento no Ser.”
                        Segundo Jean-Yves Leloup, “o terapeuta é também um ser “que sabe orar” pela saúde do outro, isto é, chamar sobre ele a presença e a energia do Vivente, pois só ele pode curar toda doença,  com a qual ele “coopera”. O terapeuta não cura, ele ‘cuida”, é o Vivente que trata e que cura. O Terapeuta está lá apenas para pôr o doente nas melhores condições possíveis para que o Vivente atue e venha a cura.(...) Saúde plena, para os Terapeutas, refere-se ao corpo, à alma e ao nous (psique) quando são habitados pelo Espírito; é a transparência do essencial no existencial.”
                        Em outra passagem de seu belíssimo livro, Jean-Yves, acrescenta:
“Pertencer aos Terapeutas é antes de tudo mudar de hábito, revestir-se de “linho”. (...) Mudar de roupa, que simboliza a ação ou pertença social, para vestir hábitos de contemplação, que simbolizarão a pertença a Grande Natureza ou a Deus, não tem influência só sobre o corpo, mas também sobre o psiquismo. Ao lado de sua roupa de trabalho e de sua roupa de festa, o Terapeuta deve tecer (simbolicamente sem dúvida, mas também concretamente) para si um “hábito de contemplação” , que lembrará a ele sua vocação, não de “ser para a morte”, mas de “ser para a Eternidade”.
                        E Leloup continua: “Pertencer aos Terapeutas não era somente mudar de roupa, era também mudar de cozinha. “Não mais alimentar-se de cadáveres”. “A pessoa torna-se aquilo que come”. (...) O que está em nosso prato é nosso melhor médico”; cuidar do corpo sem levar em consideração o que o nutre é simplesmente uma falta de bom senso.(...) O essencial não é tanto o que se come quanto a maneira como se comer. “Consumir ou comungar” está à nossa escolha em nossa relação com o mundo e com a matéria.”
                        “(...) o Terapeuta cuidava dos “deuses” , que eram as imagens pelas quais o homem representava para si o Absoluto, imagens múltiplas do Ser único. Os deuses são também os Valores que orientam e desenvolvem a vida;(...) o Belo, o Verdadeiro, o Bom. Cuidar dos deuses é vigiar as grandes imagens que habitam em nós, os arquétipos que nos guiam para o melhor ou o pior de nós mesmos. (...) ele (o terapeuta) vigiará para que nosso imaginário e nosso imaginal estejam alimentados das imagens o mais estruturantes possível, e para ele estas imagens encontram-se antes de tudo na Bíblia, sendo cada personagem bíblico um arquétipo cuja evocação pode facilitar a caminhada da alma.”
Nesta simbologia, Maria representa o nosso lado virginal, que acolhe o Espírito Santo; Pedro é o arquétipo da dúvida, dos momentos de falta de fé; Judas representa o nosso lado que trai, após sentir-se decepcionado em suas expectativas e Jesus é o arquétipo da manifestação de nosso Cristo Interno.
                        “Estando a saúde (e sem dúvida também a felicidade) na harmonia pacífica de nosso comportamento com o nosso desejo mais íntimo, não é nenhuma surpresa que os terapeutas “cuidem do desejo”. Não se trata de estimulá-lo nem de destruí-lo, mas de reorientá-lo quando ele está perdido”.  Aí estamos nas raízes do que mais tarde se chamará de ética, ou ainda de moral. Sabemos que a palavra pecado, em grego, quer dizer errar o alvo, visar algo e não atingi-lo. Assim o pecado é antes de tudo uma doença do desejo, uma desorientação ou uma perversão de sua “mira”. (...)
 Não adorar nada, pois toda realidade, relativa por definição, não é absoluta; não desprezar nada, pois toda realidade, relativa pelo próprio fato de sua existência, participa da Única Fonte de todo Real. Nem desprezo nem idolatria, este seria o começo de uma atitude justa com respeito ao mundo e o que nele habita, quando o desejo é orientado” ou “polarizado” para a própria Fonte de tudo o que vive e respira.
                        Assim, para os Terapeutas, a cura psíquica está ligada ao conhecimento metafísico.
                        O Terapeuta é também aquele que cuida do outro pela oração, e isso não deixa de ter ligação com a reorientação do desejo, já que rezar é estar religado à Fonte do Real. (...) Chamar o nome do “Ser que É” sobre alguém é religá-lo também à sua Fonte de Vida, reconduzi-lo ao campo do Real, a partir do qual ele poderá, senão sarar, pelo menos relativizar seu sofrimento. Para o Terapeuta, portanto orar não é tanto recitar preces e invocações, mas ter seu ser no Ser a fim de que sua Presença se difunda ou se interiorize através dele na pessoa mal-aventurada.(...) Não existe saúde que não seja ao mesmo tempo salvação( este é o sentido etimológico da palavra). Além do mais, em grego é a mesma palavra: soteria. No grego dos evangelhos encontramos Jesus dizendo: “Tua fé de salvou” ou “tua fé te curou”.

                       
O PROCESSO DE CURA, HOJE:


                        Acredito que o mais importante, neste estudo, seja a compreensão de como o processo de cura opera em nosso organismo, com base em nosso estado mental. A partir dos modelos ou arquétipos registrados em nosso inconsciente, comandos bioquímicos irão influenciar o funcionamento de todos os órgãos, quer no sentido positivo ou no sentido negativo. Sabemos que o hipotálamo, a estrutura cerebral que centraliza as emoções, rege, também, os mecanismos de fome, sede, sono, sexo, temperatura e pressão arterial, estabelecendo-se, assim, uma correlação direta entre o estado emocional e a regulação destas funções orgânicas.
Pensamentos negativos produzem emoções como raiva, tristeza, medo, dor e ansiedade, promovendo descargas de energia que afetam o meio bioquímico do organismo, através da hipófise, por sua vez produzindo sintomas que nada mais são do que um meio de esvaziar-se das tensões. Daí a importância de que o Terapeuta, enquanto tradutor da linguagem do inconsciente, compreenda a mensagem expressa pelo sintoma.
Dentro do conhecimento metafísico, existem ainda dois conceitos extremamente importantes para que alcancemos a cura: Carma e Momentum. O sentido da palavra Carma, compreendida como Destino ( Sucessão de fatos que podem ou não ocorrer (por influência do livre arbítrio de cada um), e que constituem a vida humana, considerados como resultantes de causas independentes da sua vontade; lugar aonde se dirige alguém; Direção – pág. 172 do Mini Dic. Aurélio) não é de predestinação ao sofrimento, como algo de que não podemos escapar, mas significa a missão, a nossa tarefa pessoal e intransferível de redenção (aquilo que produzimos inadequadamente, enquanto seres co-criadores com Deus, por nós mesmos deverá ser eliminado - esta é a perfeita Lei Divina). Através do despertar de nossas consciências para o verdadeiro sentido da vida, podemos realizar uma transmutação do carma (A mudança de polaridade de uma carga energética, da condição negativa para a condição positiva; a transformação do negativo em positivo, em qualquer contexto.)
                        O conceito de Momentum refere-se ao padrão de energia que acumulamos no pretérito, como um mau hábito instalado em nossa Individualidade ou Essência, que se expressa através da Personalidade, na forma de comportamentos negativos, nem sempre conscientes. Estes padrões mentais atrapalham o bom andamento de nossas vidas ou contribuem para a manifestação de doenças orgânicas. Por isso o Terapeuta Maior diz: “Vá e não peques mais”, ou seja: não te desvies mais do caminho; cumpre as Leis do Pai; não produzas mais energia negativa com o teu pensamento; não erres mais o alvo; o alvo da própria aprendizagem e evolução segundo as Leis Divinas, que é o único destino possível ao homem. Somos todos seres predestinados a evoluir e alcançarmos o Ideal Crístico, o modelo arquetípico da Mente de Deus para cada Ser Humano, criado a sua Imagem e Semelhança.
                        Não há porque alongar-me mais nestas reflexões. Na verdade, tudo que era necessário, já nos foi ensinado. Agora é tempo de prática; é tempo de vigilância e oração. “Orai e Vigiai”, Ele nos disse. Vamos, pois, despertar o nosso Cristo Interno, recolhendo-nos ao Templo do nosso próprio corpo, onde, em cada célula, ainda ressoam preciosas lições...


SUELI MEIRELLES, Consultora, Professora, Pesquisadora e Especialista em Psicologia Clínica – CRP 05/11601 – MBA em Implementação e Gestão de Projetos na Abordagem Transdisciplinar. Escritora e Palestrante. Autora de Artigos e Livros sobre Desenvolvimento Humano, Saúde Integral, Ecologia Integral e Educação para a Paz.


BLIBLIOGRAFIA  DO ESTUDO:

(para aqueles que se interessarem em aprofundar o tema)

Tradição Sapiental da Humanidade A Bíblia Sagrada Imprensa Bíblica Brasileira.(trad. João Ferreira de Almeida.
CREMA, Roberto Saúde e Plenitude Summus Editorial. SP
CUNHA, Antônio Geraldo da  Dicionário Etimológico  Ed. Nova Fronteira. SP
DE BIASE, Francisco Caminhos da Cura  Ed. Vozes. RJ
GROF, Stanislav Emergência Espiritual Cultrix. SP
LELOUP, Jean-Yves Cuidar do Ser Vozes. RJ
________________  Caminhos da Realização Vozes.RJ
________________ e outros Espírito na Saúde  Vozes RJ
MEIRELLES, Sueli Do Divã à Espiritualidade: ATH – Abordagem Transdisiciplinar Holística em Psicoterapia. São Paulo, Idèias & letras, 1996.
_______________. Linguística para Mediação de Conflitos: pessoais, familiares, profissionais e sociais. E-Book Paraná: Nextmídia, 2017.
______________. Projeto Consciência da Vida – A Infância Parceria Editorial RJ
______________. Blog Sueli Meirelles: http://sueli-meirelles.blogspot.com.br/
SAPALDING, Baird T A Vida dos Mestres  Expressão e Cultura. RJ




SUELI MEIRELLES, Consultora, Professora, Pesquisadora e Especialista em Psicologia Clínica – CRP 05/11601 – MBA em Implementação e Gestão de Projetos na Abordagem Transdisciplinar. Escritora e Palestrante. Autora de Artigos e Livros sobre Desenvolvimento Humano, Saúde Integral, Ecologia Integral e Educação para a Paz.


BLIBLIOGRAFIA:

(para aqueles que se interessarem em aprofundar o tema)

Tradição Sapiental da Humanidade A Bíblia Sagrada Imprensa Bíblica Brasileira.(trad. João Ferreira de Almeida.
CREMA, Roberto Saúde e Plenitude Summus Editorial. SP
CUNHA, Antônio Geraldo da  Dicionário Etimológico  Ed. Nova Fronteira. SP
DE BIASE, Francisco Caminhos da Cura  Ed. Vozes. RJ
GROF, Stanislav Emergência Espiritual Cultrix. SP
LELOUP, Jean-Yves Cuidar do Ser Vozes. RJ
________________  Caminhos da Realização Vozes.RJ
________________ e outros Espírito na Saúde  Vozes RJ
MEIRELLES, Sueli Do Divã à Espiritualidade: ATH – Abordagem Transdisiciplinar Holística em Psicoterapia. São Paulo, Idèias & letras, 1996.
_______________. Linguística para Mediação de Conflitos: pessoais, familiares, profissionais e sociais. E-Book Paraná: Nextmídia, 2017.
______________. Projeto Consciência da Vida – A Infância Parceria Editorial RJ
______________. Blog Sueli Meirelles: http://sueli-meirelles.blogspot.com.br/
SAPALDING, Baird T A Vida dos Mestres  Expressão e Cultura. RJ